quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Prova de redação - Crônica

           O homem já entrou no avião tropeçando na escada - era cego - quase não
acerta a entrada, mas dois jovens o auxiliaram. Apenas pra que a fila andasse logo.
Depois que entrou, foi procurar sua poltrona, gritou: 57! Um homem falou que era ao seu
lado. Assim que sentou, sentiu algo diferente, tomou um susto. Estava no colo de outro homem.
            Perguntou ao parceiro ao lado, porque os bancos tinham um pino de segurança. O dono
do lugar estava mexendo a cintura, e dizia: querida, agora não. A aeromoça viu essa cena e falou:
que porra é essa?! Vocês não têm vergonha não? Imediatamente, o passageiro cego fico de pé, e
saiu em busca de sua verdadeira cadeira. Gritou mais uma vez: cinquenta e sete! Outra pessoa o
chamou, e mandou que sentasse, o avião já ia decolar. Mais uma vez, não era a poltrona certa. Dessa
vez estava sentado ao lado de um traficante - a dona do banco saiu pra ir ao banheiro - o cego procurou o braço do assento, mas achou algo pior.
             E aí irmão, quer um amendoin? O traficante pegou algumas pedras pequenas de craque e estendeu a mão ao passageiro ao lado. Oh! Muito obrigado, senhor. Nisso, a aeromoça viu as pedras na mão do homem, e foi tirar satisfação. Puta merda, cara! Já é a segunda vez que você me apronta hoje, acha que
tá no seu A.P. pra fazer o que quiser? Comer amendoin no avião é proibido? Não sabia. Haha, disse a atendente, se engolir pedras de craque fosse permitido... peraí, o senhor falou amendoin? O senhor
é cego por acaso? Sim, eu sou cego. Nossa! Mil desculpas então, eu ainda não tinha percebido. Venha,
temos lugar para deficientes.
              Ainda no voo, a moça fez com que o passageiro se estabacasse na porta de vidro da entrada para deficientes, e perdeu um dente. Depois de lavar, sentou-se e esperou a viagem acabar. Putz, se em uma
viagem de avião, eu sofri isso tudo, imagina lá em Londres, que os guardas têm enormes pontas, no cano de sua arma. Acho que vou precisar de um cão...

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